Foi só a @lilianecoelho me desafiar para uma nova empreitada que pronto! O sono foi embora.


Geralmente não tenho problema com ele. Aliás, somos bons amigos a vida toda.
Mas é uma luta que tenho tentado fazer ser justa. O sono vai embora e organizo as pastas do Spotify (toc de ter um “feed” organizado por lá também) e corro para anotações antigas.

Nessa madrugada achei umas do meu autor preferido. Aquele que não só admiro, mas que como diz a Li, “me faz demorar” porque escreve de uma maneira que amo.
Com a escrita linda, simples, que começa de forma despretenciosa mas que atinge a gente lá no fundo. Rubem Alves: ô homem bonito! Se você não conhece, te apresento. Se já, pega um livro dele para ler de novo. Ele é atual demais. Valioso demais.

Hoje li mais uma vez “A pipoca”. Foi a primeira crônica que me pegou. Talvez pelo meu momento de vida na época… mas nem vou tentar explicar. Um trechinho para você:

“… É que a transformação do milho duro em pipoca macia é símbolo da grande transformação porque devem passar os homens para que eles venham a ser o que devem ser. O milho da pipoca não é o que deve ser. Ele deve ser aquilo que acontece depois do estouro. O milho da pipoca somos nós: duros, quebra-dentes, impróprios para comer, pelo poder do fogo podemos, repentinamente, nos transformar em outra coisa — voltar a ser crianças! Mas a transformação só acontece pelo poder do fogo.
Milho de pipoca que não passa pelo fogo continua a ser milho de pipoca, para sempre.”

Enfim… muito sentido para mim. Ainda mais agora.

E nesses dias em casa, quando os sobrinhos não estão “recomeçando a quarentena”, é dela que me lembro quando eles vêm. O cheiro terapêutico da pipoca. O quanto ela fascina as crianças; o quanto ouvir esses estouros me dá sensação de que a casa está cheia. De coisas boas. De uma transformação bonita, que vem com o combo todo: as risadas, o jeito que cada um quer a sua… E assim, tudo vai se costurando.

Uma hora faz mesmo sentido os livros que a gente leu, os filmes que viu, as conversas que doeram e as anotações da vida.

Há tempo, trilha sonora de @thiagoormond.ormond , Um expert em traduzir com músicas tudo que a gente sente.

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