As mudanças costumam surpreender.

Um dos motivos é que, com o tempo, tudo vira paisagem. A gente olha, mas não vê.

A outra razão é que a maior parte das transformações acontecem do lado de dentro. Da terra, das nuvens, do corpo, da água, do mundo.

Leva tempo para algo novo dar sinal de vida. Às vezes, quando aparece, está quase pronto.

Mas, na maioria das vezes, a surpresa é sinal de que nos distraímos por tempo demais.

É fácil adormecer. Seguir sem pensar. Deixar correr. E tudo bem. Em muitas fases da vida, é importante deixar que ela comande.

Mas, o risco de viver sempre assim é entrar no transe. Naquele modo onde parece que está tudo em stand-by. Nem sempre. Quase nunca.

Tudo segue, ainda que a gente fique para trás. E, um dia gente acorda e se espanta. Como aquele prédio veio parar ali? Mas ontem não havia sequer uma folha naquela árvore! Quando se eu nem sabia que ela estava grávida?

Algumas mudanças aguardam. Nos preparam. Outras nos confrontam como se tivessem surgido do nada. Pronto, já era. Nada mais a fazer a não ser digerir e, em alguns casos, se refazer depois de desmontar.

Mudar é parte da vida. Parece bobagem, mas nada é definitivo, a não ser a morte. Enquanto há vida, tudo está se fazendo. E a gente também.

Cada erro, cada escolha, cada espera, cada pausa, cada medo, cada gesto de coragem. Tudo nos leva para algum lugar, em algum momento.

Costuma doer, mas a gente só floresce depois de murchar. Às vezes, é preciso mais do que isso. Às vezes, é preciso sobreviver ao fogo. Recolher as cinzas. Virar adubo.

Muito do que é novo nasce do antigo. Então, o melhor a fazer é seguir. Sem ignorar o mundo, nem a gente mesmo.

Uma hora, o que está dentro nasce e o que está fora não tem outra opção a não ser dizer: seja bem-vindo. ❤️

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