As palavras são um mistério bonito. São feitas para expressar, mas nos ajudam a sentir. São efêmeras, mas se deixam guardar. São tantas e, muitas vezes, não bastam.
Entender esse segredo é um dos muitos presentes que gostaria de deixar para os meus filhos. Embalar as mais singelas para que eles levem pela vida. Mostrar que, parte do sentir, está no traduzir. Que não há o que temer. Que é possível amar, se divertir, experimentar e desconstruir.
Outro dia, ao olhar para a rua aqui de casa, Miguel me chamou dizendo que eu precisava “vir urgente”. “Está ventando flores”, ele disse. E estava mesmo. De um jeito tão simples e sublime que, por um minuto, pensei em fotografar. Achei melhor não. Escolhi guardar essa imagem de um jeito que só consigo explicar no coração. Não por acaso, um lugar cheio de palavras que a gente não consegue descrever.