Rio de Janeiro, eu andava pela calçada da praia, tinha vindo de São Paulo para uma reunião de trabalho na cidade em plena sexta-feira e seria uma ofensa comigo mesma se não ficasse o fim de semana todo. Fora a reunião, zero planos, saí para andar.

A certa altura, vi o Copacabana Palace. Naquela noite, havia canhões de luz na frente do hotel, aqueles que sinalizam festança. E se eu for lá ver?

O sinal ficou verde para mim, sem tempo para pensar. Passei pela recepção, sorriso, simpatia, olá, boa noite, e o mantra mental: “aja naturalmente”. Cheguei ao corredor, esquerda ou direita? O corpo em diálogo com a razão: Não titubeia, não freia esse pé agora… escolhe um lado, vai! Esquerda. Se vai errar, erre com convicção. Eita, cheguei na piscina, acertei muito! Um garçom se aproxima, festa bacana, sem gente esquisita. Aceita champagne? Humn, tá geladinho e é dos bons. Tinha piano ao vivo e olha que não tocava bossa nova, mais uma surpresa. Eu aproveitava a música e, quando menos me dei conta, já estava de braço dado com a confiança, lindamente dando meia volta na piscina. Das vantagens de estar num lugar onde ninguém te espera é que não há nada para você fazer, além de aproveitar. Foi o que fiz. Uns 10 minutos depois (e antes que eu fosse descoberta) decidi que era hora de atravessar a rua de volta para a praia. Saí rindo por dentro, tentando entender ainda esse impulso repentino. Sei lá, a coragem às vezes encontra a gente assim, de vestido de algodão e rasteirinha e convida para festa de gala. Não me vá perder esse brinde.

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