Comecei as séries sem saber para onde ir.
Queria exercitar o amor, dessa vez olhando para mim.
Então, tirei vestidos brancos do cabide e toda semana procuro coragem para me tirar para dançar. As trilhas são doidas, e com elas, todas as rendas (e fendas) do meu armário.
Posto tentando não pensar. E sempre que amigos mandam coisas bonitas para isso, a #sendocorajosa explica o medo de exagerar.
A dor de me olhar, sem saber porque permiti isso tantas vezes, e por tanto tempo… Entendi que escolho roupas primeiro pela emoção que elas causam.
Elas precisam aparentar coisa bem feita e carinho. Gosto quando dão continuidade e não aparecem mais que quem as usa. Então, fujo da impressão de “muito esforço” equilibrando peça nova com outra velha.
Para mim, a roupa deve nos servir. Não o contrário. Por isso gosto tanto do jeito que as francesas se arrumam. Elas usam poucos artifícios, e as preferidas, peças masculinas com acessórios super femininos; camisolas na rua, e têm um armário descoordenado de maneira tão natural que chega a ser desconcertante, mas nunca ofensivo.
É uma autoconfiança que adoro perceber na mulher que não se esconde na soma de grifes.
Com os vestidos, me sinto pronta para tudo. São minha roupa preferida, e se pudesse, usaria os longos com botas de montaria todos os dias: é proteção nos lugares onde fotografo, conforto, e a imagem da Jane Birkin usando as botas dela, até com bermudas.
E sobre trabalho, preto nunca foi desconforto. Uso com o respeito de quem tem que se levantar e abaixar várias vezes. Com o carinho de saber que uma de minhas cores preferidas me veste para fazer o que mais amo.
O que é barato ou caro, para mim, está ligado a escolher bons tecidos e cortes pagando pouco, e a quantas vezes você vai querer, e vai usar, o que comprou.
E nesses dias de montanha russa na vida, o exercício de me vestir (e me fotografar) tem sido uma forma de reação. Um jeito de fazer desse tempo algo que mereça ficar.
Logo, espero guardar os kimonos e voltar a dizer “não tenho nada para usar”.