Viver o agora sempre foi um desafio para mim. Especialmente depois que a Maya nasceu.
Acho que ter dois filhos me fez pensar que eu devia ter tudo em dobro: mais tempo, mais dinheiro, mais sabedoria, mais foco…
Eu queria (e ainda tento) me sentir inteira em tudo, em cada momento com ela, em cada nova descoberta e desafio. Foi o que prometi pra mim mesma quando me tornei mãe pela primeira vez: que podia fazer tudo errado, mas faria com todo meu amor.
Com o Miguel, senti que aproveitei cada minuto, que consegui guardar muitas sensações, cheiros e sons. Foi e é tão incrível ser a mãe dele que pensei: “agora que já aprendi algumas coisas, vou conseguir ser ainda melhor”. Sabia que não seria fácil, mas esperava me sentir ainda mais dona dessa experiência.
Três anos se passaram, a Maya é maravilhosa e não me canso de agradecer por ter tido uma segunda chance. Por sentir, de novo, um bebê crescendo junto comigo. Por ver dormir e acordar todos os dias. Por ouvir o som de uma voz descobrindo novas palavras.
Tão bom e tão certo e está passando tão rápido… Hoje entendi que ao me tornar mãe pela segunda vez eu esperava me tornar duas também. Assim poderia me multiplicar, ao invés de me dividir. Assim nasceria a mãe de primeira viagem que o Miguel teve e a Maya não. Aquela com dedicação exclusiva e descobertas nunca feitas antes.
Acho que a sensação de que estou pela metade vem daí: do fato de eu saber que minha filhinha me merece por completo, com todos os erros e acertos que isso representa, mas que isso é impossível, porque meu tempo, meu amor e meus cuidados também têm outro dono.
Nunca vou poder mudar isso. Nunca serei, fisicamente, duas pessoas na mesma vida, então, sigo tentando ser o melhor que posso. Pode ser que isso seja pouco, mas, de verdade, espero que seja mais, bem mais que o suficiente.