Educar um filho é como escrever em uma folha novinha: a gente tem medo de estragar.
Vamos deixando palavras, exemplos, regras, conselhos e, no meio do caminho, perdemos a calma, as certezas e, às vezes, a linha.
Tem coisas que a gente escreve a làpis, outras à caneta e o desafio também é este: saber quando usar um ou a outra.
São tantas as alternativas falsas e tantas as verdadeiras… Dá medo de escolher a resposta errada e, por isso, a gente rasura tentando apagar aquele dia, aquela bronca, aquela briga que fez um dos lados dormir chorando até soluçar.
É que o manual dos outros nem sempre serve pra nós e fica mais difícil aprender e até mesmo “colar” antes das provas mais difíceis.
Mas, ninguém disse que seria fácil! Ver um ser humano nascendo da gente é a coisa mais estranha e poderosa do mundo. Só perde para a experiência incrível que é testemunhar essa mesma pessoa descobrindo quem é, brincando de ser e dependendo da gente por tempo demais e por tempo de menos. Não dá pra explicar.
Hoje entendi que participar da vida de um filho é influenciar, mesmo sem querer.
Estamos escrevendo com eles, escolhendo por eles, decidindo por eles, com eles, para eles, da melhor maneira que podemos.
Fazemos tudo isso no escuro e, um dia, de repente, alguns sinais começam a aparecer. Os pontos começam a se conectar e vamos descobrindo pistas de quem os nossos filhos estão se tornando. O que eles gostam, o que sentem, o que estão guardando do que dissemos, o que já perceberam que não tem nada ver com eles.
É como escrever com aquelas canetas invisíveis: quando você olha com uma luz natural, a página parece em branco, mas, no escuro as imagens brilham e você consegue ver. Algumas vezes, de maneiras tão claras que chega a doer. Doem de um jeito bom. Um pouco de tudo está ficando, mudando, viajando por aí pra quem sabe, um dia, ser melhor do que você foi e fez.
E, assim, escrevendo em linhas retas, frequentemente, em linhas tortas, vai nascendo uma história. A nossa. A deles.
É como a vida segue. Até o dia em que alguém vai mais rápido ou em uma direção diferente.
Viver é caminhar, filhos. Vamos juntos. ❤️
Christiane e Liliane Coelho são irmãs gêmeas. Uma é fotógrafa com alma de escritora. A outra, redatora criativa que está realizando o sonho de escrever seu primeiro livro. 
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