Aprendi a ler com 6 anos de idade.

A história da nossa família, a simplicidade dela, e todos os valores que eram importantes para os nossos pais, tinham sempre livros entre eles. Por isso, ler foi sempre um dos meus maiores desejos. Essa combinação de símbolos e tudo que eu seria depois que soubesse decifrá-los, me dava uma sensação de importância no mundo.

Afinal, ler para os nossos pais estava ligado a independência, a sobrevivência, e por isso, nossa mãe e um tio, separavam duas horas antes de anoitecer para ensinar a gente. E mesmo com esse “peso”, estranhamente, a leitura nunca foi uma obrigação. Talvez porque mesmo sendo sempre bem rigorosa, nossa mãe sempre encontrou uma forma de adoçar nossa vida com alguma poesia. E para esse história, ela sempre dizia que a gente iria amar saber ler porque nossas primeiras unhas foram cortadas e guardadas dentro de um livro.

Entendi o sentido de poder quando olhei para um livro e compreendi o que estava escrito ali. E me dar conta disso foi uma das experiências mais bonitas da minha infância.

Livros são então, muito importantes na nossa casa. Sempre à vista. E os lugares onde estão, os meus preferidos.Adoraria que eles virassem pilhas lindas no chão mesmo, porque eles iriam ficar ainda mais perto da gente, mas confesso, ainda não tive coragem para isso.

E embora hoje a gente tenha tantas ferramentas para ajudar com a leitura das coisas, são deles o melhor cheiro, e são eles, uma parte bonita do que descobri ser.

Este da foto é o “África, do Sebastião Salgado. Quem já o teve nas mãos, sabe que ele não tem muitos textos. Mais datas e localizações. Mas as histórias são contadas sem nenhuma palavra. E eu precisava me lembrar disso agora. (Coisa boa Li , especialmente porque nessa aventura também sempre estivemos juntas ❤️)

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